ANGOLA
Angola's tormented path to petro-diamond led growth









Sr. Aleixo Augusto, General Manager of ENSA

" Empresa Nacional de Seguros e Resseguros de Angola"


Entrevista com

o Sr. Aleixo Augusto,
Presidente da ENSA

1 de Fevereiro de 2001

Pode nos dar um breve resumo da sua experiência profissional?

Eu, não tenho uma grande historia, trabalho em Seguros desde 1970. Comecei na Companhia de Seguros Universal, uma das Companhias que operavam aqui no nosso pais. Ao longo desses anos todos, tenho feito carreira nesta actividade. Suspendi a minha actividade durante um ano e meio, porque fui chamado para a actividade sindicalista, mas quando acabei a função, em Abril de 1978, voltei a ENSA para fazer parte dos quadros desta Empresa.
Comecei por dirigir a área dos Recursos Humanos, passei pela área de Resseguros e também pela área Técnica. Fui chamado para Director Geral numa altura histórica em que a maior parte das Companhias que operavam aqui, estavam tecnicamente falidas, porque os seus quadros eram quase todos estrangeiros e nacionais que começaram a abandonar o Pais. Portanto esta é a minha historia na área desta actividade.

Qual foi a razão da criação da ENSA e quais foram os principais passos do seu desenvolvimento ?

Operavam aqui no nosso pais cerca de 27 Companhias. Era um mercado prospero ate 1974. Por forca do abandono da maior parte dos quadros que operavam nestas companhias, e por causa das transformações económicas e sociais que se estavam a verificar, face o adivinhar da independência de Angola e para suprir as dificuldades que se faziam sentir naquela altura, foi criada a ENSA (Empresa Nacional de Seguros e Resseguros de Angola), em 15 de Abril de 1978. Alguns quadros que operavam nas diversas Companhias, foram mobilizados para constituírem os quadros da ENSA.

As companhias de seguros existentes foram nacionalizadas e reagrupadas na ENSA?

Não, a essas Companhias foram cancelados os alvarás e as suas autorizações porque a maior parte delas estavam tecnicamente falidas. Apartir de ai transferiram as responsabilidades remanescentes que tinham, como as reserves matemáticas dos acidentes de trabalho, de vida para a ENSA, que assumiu todas responsabilidades.

Quais são as áreas de seguro que constituem a maior parte?

Até a bem pouco tempo era o ramo da Petroquímica e a seguir o marítimo cargas, e depois os acidentes de trabalho e automóveis. Neste momento a situação alterou-se, o mais importante continua a ser a Petroquímica, só que com uma baixa e temos logo os automóveis, acidentes de trabalho enfim, e outros ramos que compõem a nossa actividade.

Como é que a guerra afectou as receitas da ENSA?

A nossa actividade sofre algumas metamorfoses. Os senhores sabem, que o desenvolvimento da seguradora depende muito do desenvolvimento socio-economico que o pais tiver. O pais tem vindo a sofrer esta guerra toda que causou prejuízos; criou miséria e destruições massica. Era natural que também criasse dificuldades a seguradora. Devo acrescentar que a carteira que tínhamos no ramo de incêndios , era a maior parte composta por riscos industriais. Essa carteira que era equivalente a 45 milhões de dólares ano, neste momento esta reduzida a 2 milhões, devido a Guerra que destruiu a maior parte do parque industrial deste pais.

Como foi influenciada a vossa quota de mercado pela recente liberalização do mercado?

Sabe que já há outras Seguradoras no mercado.Com o surgimento destas Companhias, os negócios da Petroquímica diminuíram 55%, porque houve uma divisão. Portanto, o ramo tem vindo a crescer, mas é natural que esse crescimento se faça sentir menos, já que está repartido pelo conjunto das seguradoras que dão a cobertura desse ramo.

Quem são os seus competidores na área do sector petrolífero?

A.A.A Seguros. E uma Companhia do grupo Sonangol, e já esta a funcionar.

Quais são as medidas que foram tomadas para competir num mercado liberalizado?

Sabe que a ENSA ajudou o Governo para que se formulasse leis especificas para dar lugar a abertura do mercado. Entendemos que é com o mercado aberto e a concorrência que há evolução em qualquer actividade. Isto quer dizer que, ao formularmos isto ao Governo, era lógico que nos preparássemos para a concorrência, dai que tivéssemos que tomar algumas medidas, com visto a modernização da ENSA e a implementação de sistemas actuais. E o caso por exemplo da implementação de ferramentas que dessem lugar ao apetrechamento técnico da ENSA e a transcrição de serviço capaz as solicitações que nos são feitas. Assim estamos a informatizar a empresa no seu todo, para além de modernizarmos alguns produtos que de facto se mostravam necessários. Temos vindo a dar esses passos, agora falta-nos apenas o reforço dos capitais, que pensamos a breve trecho resolver isso. Assim, temos estado a formar quadros capazes para corresponder as solicitações. Estes quadros tem sido formados com a ajuda das diversas Companhias estrangeiras que connosco colaboram, quer em Londres, quer em Portugal.
Quais são as Companhias de seguros estrangeiras que tem parceria com a ENSA?

Temos a March Maclaren, que é norte-americana, tem grandes escritórios em Londres, e nos EUA. Ainda recentemente, enviamos quadros a Houston, onde estiveram a especializar-se em seguros de petroleos. Temos outras empresas sócias como a Willis, a Secar em paris, em Portugal a Companhia de Seguros Fidelidade, em Estocolmo a Scandia e outras mais. Portanto, para além da troca de negócios em resseguro, também aproveitamos a oportunidade para a formação dos nossos quadros. Fazem parte das acções que são levadas a cabo para fazer face a concorrência.

Qual é o organismo governamental que é responsável pela regularização do mercado de seguros em Angola?

O Ministério das Finanças criou um órgão que vai supervisionar a actividade seguradora, este chama-se Instituto de Supervisão de Seguros. E o órgão macro que vai dirigir toda actividade, supervisiona-la ou regulá-la. A ENSA a parte desse órgão, responde directamente do Ministro das Finanças.

Quais são os projectos em manter a abertura dos capitais da ENSA aos investidores privados ?

O governo decidiu alienar os seus interesses na ENSA, paulatinamente; numa primeira fase vai alienar até 49%. Mas para que isso aconteça, estamos a aguardar que o conselho de Ministros aprove a lei para a substituição ao estatuto da ENSA.

Para quando esta prevista esta privatização ?

Eu acho que poderá ser nos fins deste ano ou principio do próximo. Porque hão de se preparar as condições para o cumprimento disso. Está-se a trabalhar a todo o gás para que isso aconteça porque a ENSA tem necessidade de capital fresco, de tecnologia de pont, de know-how, dai que ao procedermos desta forma, obteremos o que precisamos sobre essas três pontes que eu enumerei.

Quais são as ferramentas financeiras que a ENSA tem para gestionar os seus portfolio de bens?

Sabe que só recentemente é que se esta fazer a restruturação da banca, logo que isso acontecer e conste da nossa estratégica para o ano em curso, será importante encontrarmos um parceiro com vista a criação de uma sociedade financeira. Esta sociedade terá como função a gestão dos activos da ENSA, mas propriamente o fundo das reservas matemáticas do ramo Vida, Acidentes de Trabalho e os Fundos de Pensões. Portanto, temos mira nisso; vamos devagar, mas com os pés firmes.

Quais são as futuras mudanças reservadas para a ENSA?

Parece-me que as questões principais foram enumeradas aqui. Há outras que são relacionadas com os clientes, o mercado em si, como é que vamos agarrar. Temos estratégias montadas dentro dessa orientação, e creio que serão dadas logo que haja a paz. Creio que tudo transformasse-a, o desenvolvimento aparecera. Sabe que nesse momento o empresariado nacional esta descapitalizado, fruto da acção da nossa moeda. Nao conseguimos implementar o Seguro de Vida porque a nossa moeda nao é estável e quando acabar a guerra haverá possibilidade de se implementar o Seguro de Vida, nos seus diversos aspectos. Neste momento já ha algumas fabricas como a Coca-Cola e outras mais, isto significa que com o cessar da guerra e com a estabilidade que pretendemos, será fácil o desenvolvimento económico-social. Portanto estamos nessa expectativa de forma a termos o desenvolvimento.

Qual seria a mensagem que lhe gostaria transmitir os leitores da Forbes Global, possíveis investidores na economia angolana?

O povo Angolano é optimista e por tal facto, entende que já chegou o momento para a paz efectiva. Angola é um pais virgem, onde há tudo por se fazer e que não é bom perder-se a carruagem. O investimento também ajuda a acabar com a guerra, então é com esse apelo que nós, na qualidade de cidadãos desse pais, fizemos aos potenciais investidores, para que venham e com força, uma vez que estão criadas todas as possibilidades para eles terem resultados positivos.

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© World INvestment NEws, 2002.
This is the electronic edition of the special country report on Angola published in Forbes Global Magazine. February 18th, 2002 Issue.
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