Angola: Interview with Sr. José Carlos Queiroz Castro

Sr. José Carlos Queiroz Castro

Administrator (Habimat)

2011-07-21
Sr. José Carlos Queiroz Castro
Antes de começar, gostaria que nos fizesse uma introdução da Empresa, história e objectivos.

Esta empresa é jovem, tem cerca de três anos e o seu objectivo principal é a comercialização de materiais de construção. Dentro da área destes materiais, nós temos uma série de produtos desde a baixa, média e alta gama. Fundamentalmente fornecemos azulejos, mosaicos, banheiras, blocos sanitários, banheiras de hidro-massagem e de hidro-saunas mas todos os aspectos ligados ao revestimento dos lados da reparação.



É uma Empresa 100% privada ?

Sim, 100% privada.



Porque é que decidiu instalar este tipo de Empresa em Angola ?

Decidimos porque em primeiro lugar há uma diferença muito grande entre a construção e o abastecimento de materiais de construção. Nós achamos que um construtor deve só e somente construir e em Angola acontece que, a maior parte dos construtores têm licença de importação e de auto- abastecimento para construir. Nós somos da opinião contrária, achamos que em Angola os grandes armazéns deverão responsabilizar-se pelo fornecimento ás construtoras, de forma que essas últimas possam adquirir materiais (num grande leque nos armazéns) e é só construir.



Quem são os seus principais clientes ?

Digamos que os clientes mais importantes são alguns empreiteiros e os privados que queiram fazer algumas remodelações na sua residência.



E não trabalha para os grandes construtores ?

Nos não trabalhamos para os grandes construtores já que estes têm licença de importação e importam os materiais para construírem.



Então você não pode beneficiar da preferência dos grandes construtores ?

É complicado por uma simples razão; nós teríamos que ter uma capacidade de resposta muito grande no fornecimento do leque a que necessitam. Temos que importar em variedade e em quantidade, materiais que respondessem ás necessidades desses empreiteiros.



Vocês importam todos os produtos que vendem ?

Não, nós só vendemos materiais por via de importação, localmente vendemos cimento cola e tintas.



Como explica que as suas vendas cresceram de 50%/ano desde que se fundou a Habimat há três anos ?

Por vários factores, embora eu ache que o factor principal seja a instabilidade do país. O factor "guerra" já não é tão acentuado em Angola, como foi durante os anos anteriores. Eu acho que o desenvolvimento de qualquer empresa passa necessariamente pela estabilização política do país.



Têm competidores em Angola ?

Temos. A concorrência em Angola já se faz sentir muito forte.



Como mantém o crescimento das suas vendas, tendo em conta a presença da competição ?

A lei da oferta e procura diz tudo. É uma oferta mais forte, é a prestação de serviços com maior qualidade. Nesta empresa para além de vendermos, prestamos serviços sem custos de entrega ao domicílio, isso é importante de forma a cativar a clientela.



Que projectos tem de expansão da Habimat em Angola ?

É um bocado complicado, para nós ligarmos o nosso objecto social para outras províncias implica que haja segurança, pois sem segurança não se pode fazer investimentos, não nos dá resultados nenhuns. Nós temos uma pequena unidade por associação do Lobito, somos parceiros numa empresa que se chama Casa Lopes, só que neste momento o Lobito está com o comércio meio parado.    



De onde são os seus fornecedores ?

De Portugal e Espanha.



Pode dar-nos exemplos ?

Em Espanha estamos a começar a trabalar com a ALCALAGRES para o abastecimento do mesmo género de materiais já citados por mim. Tentamos comprar o melhor possível, para optemos preços de concorrenciais.



Há alguma razão porque importa de Portugal e de Espanha ?

A razão particular é simplesmente porque nós dominamos bem o mercado português. Há uma enorme relação entre Angola e Portugal, devem saber que angola ficou sob o domínio português durante 500 anos, daí que dominamos muito bem o mercado português.



Têm planos para diversificar a origem dos vossos produtos aos Estados Unidos?

Eu vou começar por responder pelo seguinte: o mercado português é muito agressivo. Muitas vezes os portugueses vêm para cá e nas feiras internacionais fazem as suas pequenas ofertas mostrando os seus produtos, nunca vi em tais feiras americanos a mostrarem os seus produtos, isso faz com que nós não conheçamos perfeitamente qual é a gama de produtos que eles têm; de maneiras que só os compradores os conhecem. É complicado para nós empresários, deslocarmo-nos até aos EUA para fazer consultas sem sequer conhecer alguém e muito menos as empresas.



Habimat é uma Empresa jovem com rápido crescimento. Quais são os seus planos para o futuro?

Nós temos mais algumas filiais, esta casa está só especializada para os materiais que já foram referidos atrás, mas pensamos em abrir ainda este ano, uma sucursal mais virada para ferragens, materiais de pintura, materiais de reconhecimento técnico, etc. Uma certa gama de coisas que fazem falta em termos de consumo de empreiteiros e que não são possíveis de inserir no nosso sótão (que temos lá em baixo) que já está delineado.



Quanto se prevê investir nesta actividade ?

É um investimento de mais ou menos 500.000 dólares. Este valor é de investimento inicial. Digo investimento inicial, porque mais tarde fazer-se- á outros investimentos na medida em que formos crescendo, não vamos ficar parados.



Que mensagem tem para os nossos leitores ?

Nós transmitimos ás pessoas o que representamos, é difícil as pessoas entenderem a nossa especialidade. É relativo dizermos que vendemos hidro- banheiras ou hidro- saunas, no que a hidro- sauna vai desde a mais modesta á mais sofisticada, só com o tempo é que as pessoas podem compreender o tipo de trabalho que nós fazemos.



E uma mensagem sobre o investimento em Angola ?

Eu acho que qualquer investimento que se faça em Angola, passa necessariamente por ter confiança no país, acho que devemos todos apostar em Angola porque é um país que vai crescer; temos muito que reparar, muito que reconstruir. Os empresários não devem ter receio de apostar neste pais potencialmente rico.