 NATUREZA E OBJECTO DO GAMEK |
A natureza e objecto do GAMEK estão definidos no seu Estatuto Orgânico, aprovado por despacho conjunto dos Ministérios do Plano, das Finanças, do Comércio Externo e da Energia e Petróleos, de 17 de Março de 1986:
 Artigo 1º |
O Gabinete de Aproveitamento do Médio Kwanza - GAMEK, depende do Ministério da Energia e Petróleos e é dotado de personalidade jurídica e autonomia administrativa e financeira.
| Artigo 3º |
1. O GAMEK tem por objecto principal:
· Coordenar e controlar a execução dos trabalhos a realizar em Cambambe e Capanda.
· Promover os estudos, trabalhos preparatórios e projectos relativos ao aproveitamento racional dos Recursos Hídricos da bacia do Médio Kwanza.
· Promover as acções que processualmente se impõem para que os Empreendimentos a realizar arranquem e se desenvolvam segundo os planos previamente aprovados.
2. Paralelamente ao seu objecto principal, o GAMEK promoverá a elevação do nível cultural, a formação profissional e o aperfeiçoamento técnico e científico dos seus trabalhadores.
| HISTÓRICO DO PROJECTO CAPANDA |
O Aproveitamento Hidroeléctrico de Capanda é o maior empreendimento energético da África Austral e tem por finalidade a criação de condições para o desenvolvimento de Angola, não só com a geração de energia eléctrica que permitirá o desenvolvimento industrial, como também o aproveitamento integral da Bacia do Kwanza, desde a expansão rural, irrigação, pesca e o turismo na região.
A energia gerada pela central será transmitida até a subestação de Cambambe, através de uma linha de transmissão de 220 kV, com extensão de 120 km, interligando-se a partir daí com o sistema de transmissão existente em Angola.
Os trabalhos relacionados à construção da hidroeléctrica iniciaram-se em 1985 em Luanda, tendo-se construído a vila residencial, o hospital, oficinas e o escritório central do Gamek.
As obras de Capanda ocorrem em três etapas distintas, em razão de interrupções nos serviços motivados pelos conflitos internos no País.
| ETAPAS DE CONSTRUÇÃO DO PROJETO CAPANDA |
As obras do Aproveitamento Hidroeléctrico de Capanda decorrem em três etapas distintas, devido às paralizações provocadas por acções militares dirigidas contra Capanda.
| Primeira Etapa: Fev/87 a Nov/92 |
Neste período foram executados os serviços de infraestrutura, desmonte dos maciços rochosos, desvio do rio e parte do lançamento de betão estrutural nas diversas frentes, assim como o lançamento de BCR na barragem.
Os principais eventos ocorridos neste período foram:
. 10/02/87 - Início dos trabalhos em Capanda;
. 10/04/88 - Início dos serviços de escavação do túnel de desvio;
. 12/10/88 - Conclusão das escavações subterrâneas do túnel de desvio;
. 15/01/89 - Início da escavação a céu aberto da tomada d'água;
. 01/07/89 - Desvio do Rio Kwanza para o túnel de desvio;
. 03/10/89 - Início do lançamento de betão no local da barragem;
. 16/08/90 - Início da escavação na galeria de cabos;
. 30/08/90 - Término da escavação em rocha na tomada d'água;
. 27/10/90 - Início da betonagem na tomada d'água;
. 22/07/91 - Início do deslizamento de cofragem na central;
. 18/09/91 - Início do deslizamento de cofragem na tomada d'água;
. 11/10/91 - Início do lançamento de betão na conduta forçada;
. 20/10/91 - Início do lançamento de betão no descarregador de superfície;
. 19/01/92 - Início da escavação na área da subestação;
. 25/05/92 - Término da escavação subterrânea no acesso ao descarregador de fundo;
. 27/05/92 - Término da escavação subterrânea na galeria de cabos;
Os principais quantitativos realizados nesta Etapa encontram-se sumarizados no gráfico abaixo, e representados físicamente pelas fotos a seguir.
| Segunda Etapa: Mai/97 a Jan/99 |
Durante o período de interrupção das obras, de Nov/92 a Mai/97, após a evacuação dos trabalhadores e abandono da obra devido à ocupação militar, o acampamento, o canteiro industrial e os equipamentos foram destruídos e saqueados.
O reinicio dos serviços deu-se em maio/97, primeiramente com visitas técnicas e inspecções que permitiram a elaboração de um planejamento de recuperação das infra-estruturas.
No segundo semestre de 1997 e primeiro de 1998 foram reconstruídas ou recuperadas as instalações do estaleiro e edificações do acampamento. Foram, também, procedidas avaliações técnicas por consultores nos equipamentos e estruturas principais.
Com a conclusão da recuperação das instalações industriais da central de britagem e central de betão, foram retomadas as actividades de betão nas estruturas principais, e a montagem eletro-mecânica nas estruturas dos condutos forçados e descarregador de fundo.
Os principais eventos ocorridos neste período foram:
- Mai/97 - Início da instalação da base Cambambe;
- Jun/97 - Liberação da área do estaleiro de Capanda para os serviços de desminagem;
- Set/97 - Retomada das obras em Capanda com a montagem das tendas de campanha;
- Nov/97 - Início da recuperação da pista do aeroporto;
- Jan/98 - Conclusão dos serviços de desminagem no canteiro de obras;
ü Fev/98 Início da montagem do sistema de telecomunicações e dos alojamentos definitivos;
- Jul/98 - Entrada em operação da central de betão Liebherr, de 15 m3/h;
Início dos serviços de solda e montagem das virolas do descarregador de fundo; Primeiro lançamento de betão após a paralisação dos serviços nas estruturas principais. O betão foi lançado na estrutura da central;
- Ago/98 - Primeiro lançamento de betão no descarregador de fundo;
- Set/98 - Primeiro lançamento de betão convencional na barragem;
- Out/98 - Término dos serviços de reconstrução e início dos testes das centrais de energia, britagem e betão;
Primeiro lançamento de betão na área do descarregador de superfície;
- Nov/98 - Lançamento de betão na conduta forçada no. 1;
Primeiro lançamento de BCR na barragem da margem direita.
O gráfico abaixo apresenta os principais quantitativos realizados nesse período, que são representados, fisicamente, pelas fotos a seguir.
| Terceira Etapa: A partir de Jan/2000. |
De 27 de Janeiro a Dezembro de 1999, as actividades normais em Capanda foram novamente suspensas por razões de segurança. Na segunda quinzena de Dez/99, reiniciaram-se as primeiras deslocações de técnicos à Capanda para avaliação da situação, com vista ao planejamento da nova retomada.
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Em Jan/2000 as obras tiveram seu segundo reinicio, com as actividades de reconstrução do canteiro e do acampamento. Em fevereiro foram retomadas as construções em betão e montagem eletro-mecânica das estruturas principais.
Para esta Etapa, após uma reavaliação da situação do ponto de vista técnico, económico e financeiro, ficou estabelecido o Cronograma Geral de Serviços anexo, com a data-marco de 31 de agosto de 2001 para o início de enchimento do reservatório.
As principais actividades realizadas ou em andamento após essa retomada são:
. Lançamento de betão nas estruturas da casa de máquinas e descarregador de fundo;
. Conclusão do Betão Rolado na margem direita da barragem em 15-12-2000, com volume total lançado em 2000 de 136.222 m3.
. Conclusão dos Pilares do Descarregador de Cheias, possibilitando a colocação parcial de vigas de ponte e inicio de montagem dos muchões.
. Recuperação e construção de alojamentos e do escritório da obra;
. Montagem de guindastes na área do descarregador de superfície e na casa de máquinas;
. Montagem das comportas do descarregador de fundo.
O Aproveitamento Hidroeléctrico de Capanda está implantado na bacia do rio Kwanza, entre 9° 46' e 9° 49' de Latitude Sul e 150 36' e 150 39' de Longitude Este.
A bacia do rio Kwanza pertence, pela sua maior parte aos planaltos de Maçamba e Malanje, com cotas variando entre 1050 e 1250 m. A área total da bacia do rio Kwanza é de aproximadamente 147.940 km2, caracterizando-se por temperatura uniforme, relativamente alta, e longos períodos chuvosos, com um curto período seco.
| Principais características técnicas do Empreendimento |
1. Potência
Potência instalada 520 MW
2. Rio Kwanza
Vazão máxima observada 3.484 m3/s
Vazão máxima Tr=10.000 anos 9.700 m3/s
Vazão do desvio Tr=25 anos 3.600 m3/s
Vazão mínima observada 110 m3/s
Vazão média (35 anos) 668 m3/s
3. Barragem em betão
Tipo gravidade
Comprimento total 1.470,00 m
Cota de coroamento 953,20 m
Altura máxima 110,20 m
4. Albufeira
Bacia hidrológica 93.000 km2
Área inundada 164 km2
Volume acumulado 4.795 Hm3
Volume útil 3.561 Hm3
N.A. máximo excepcional 951,50 m
N.A. normal de operação 950,00 m
N.A. mínimo de operação 917,00 m
5. Descarregador de Fundo
Número de unidades 2 un
Diâmetro da conduta 2 x 4,00 m
Comporta de manutenção 2 x 30,00 t
Comporta de emergência 2 x 17,50 t
Comporta de segmento 2 x 25,00 t
Blindagem 2 x 110,10 t
Ponte rolante (capacidade) 32 / 5 t
6. Tomada D'Água
Número de unidades 4 un
Pórtico rolante 2 / 160x 50 t
7. Casa de Máquinas
Tipo abrigada
Comprimento 132,00 m
Número de unidades 4 un
Ponte rolante 2 / 250 /63 / 10 t
Pórtico do tubo sucção 2 x 16 t
Potência 4 x 130 520 MW
8. Condutas Forçadas
Número de unidades 4 un
Diâmetro interno 6,20 m
Diâmetro de escavação 8,00 m
Comprimento médio 150,00 m
9. Descarregador de Cheias e Dissipador
Número de vãos 4 un
Cota soleira do descarregador 935,25 m
Comprimento total 80,00 m
Largura de cada vão 15,00 m
Tipo de Comporta segmento
Tipo de dissipação salto de esqui
Capacidade do descarregador 7.760 m3/s
10. Turbinas
Tipo Francis eixo vertical
Queda líquida nominal 84,00 m
Potência (queda nominal) 133 MW
Rotação 167,7 rpm
Engolimento (queda nominal) 190,00 m3/s
Diâmetro da roda 4,25 m
Sentido de rotação anti-horário
Limite inferior da potência 80 MW
11. Geradores
Potência nominal 4 x 130 MW
Factor de potência 0,9
Frequência 50 Hz
Tensão nominal 13,80 kV
Rendimento na potência nominal 98,40 %
Diâmetro do poço 12,50 m
12. Desvio do Rio
Estrutura do desvio (túnel) 353,00 m
Cota soleira do túnel 847,00 m
Secção do túnel 180,00 m2
Cota da ensecadeira de montante 880,00 m
Cota da ensecadeira de jusante 858,00 m
Escavação em rocha 354.000 m3
Escavação em tálus 103.000 m3
Escavação subterrânea 73.000 m3
Aterro lançado 120.000 m3
Enrocamento 207.000 m3
13. Serviço das Obras Principais
Betão Convencional 412.166 m3
Betão Compac. a rolo (BCR) 670.338 m3
Placas pré-moldadas 48.000 m2
Escavação rocha subterrânea 95.500 m3
Escavação rocha a céu aberto 1.800.000 m3
Forma metálica 170.000 m2
Forma de madeira 111.000 m2
Armação 6.500 t
| AS EMPRESAS ENVOLVIDAS NO PROJETO CAPANDA |
A execução do Empreendimento Capanda está determinada por um Contrato Matriz e seu Aditamento assinado entre o Ministério da Energia e Petróleos de Angola e o Consórcio Capanda, formado pela VV/O Technopromexport - TPE da Rússia e pela Construtora Norberto Odebrecht S.A. do Brasil.
À TPE coube a responsabilidade do projecto da obra principal (barragem, tomada de água, descarga de fundo, condutos forçados, descarregador de cheias e central hidroeléctrica) e o fornecimento e montagem dos equipamentos principais (hidromecânicos e hidroeléctricos) e auxiliares.
À Odebrecht coube a responsabilidade do projecto e construção das infra-estruturas auxiliares (vilas residenciais, vias de acesso, instalações industriais, acampamentos, escritórios e laboratórios), bem como a construção da obra principal.
Foram assinados, ainda, dois outros contratos com FURNAS - Centrais Eléctricas S.A., do Brasil, para a cedência de pessoal de assessoria técnica e para a consultoria e fiscalização da construção das obras de infra-estrutura do Empreendimento Capanda. |
