Page 149 - GuineaBissau

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Agricultura e pesca
O crescimento da produção de caju foi tão abrupto
que a Guiné-Bissau é hoje considerada um dos
maiores produtores, a nível mundial. Segundo um
estudo, levado a cabo pelas autoridades em 2004,
acerca do desenvolvimento do sector de caju, as
plantações de caju cobrem cerca 4,84% da área
terrestre da Guiné-Bissau. Pode ainda dizer-se que
nenhum outro país possui 2% do seu território total
ocupado por plantação do caju.
A área de plantio desta última tem-se expandido
de forma expressiva, desempenhando nos dias de
hoje o papel de meio de subsistência, directa ou
indirectamente, para 250 mil famílias guineenses.
As plantações alongam-se por uma superfície de
175 mil hectares e têm prosperado, a uma taxa
de crescimento anual da área cultivada de cerca
de 4%. O parque de cajueiros da Guiné-Bissau
caracteriza -se por ter uma idade média de 16 anos,
considerada portanto jovem, o que faz prever (em
condições normais) um crescimento acelerado da
produção para os próximos 15 anos.
Quase que se pode afirmar que o caju é o
único produto de exportação da Guiné-Bissau,
tendo a sua produção na campanha que findou
aproximadamente em cem mil toneladas,
constituindo cerca de 99% por cento do total das
exportações, o que faz do país o maior produtor
africano deste fruto, o sexto maior produtor mundial
e um dos três primeiros exportadores da castanha
de caju em bruto, dependendo do ano em questão.
Em 2007 registou um rendimento total de 32 mil
milhões de FCFA para e de 44,7 mil milhões de
FCFA no ano de 2005.
Em termos de quantidades exportadas nos últimos
anos, a produção registada em 2007 atingiu as
96.117 toneladas, apresentando um resultado
ligeiramente superior ao de 2006, que havia sido
de 92.300 toneladas. A campanha de Avaliação das
Necessidades do Comércio e daAssistência Técnica
Ligada ao Comércio na Guiné-Bissau, desenvolvida
em 2006, veio a contrapesar a desvalorização do
preço entretanto verificada.
Calcula-se que se o governo conseguir racionalizar
a aplicação dos rendimentos destas quase
100.000 toneladas, a Guiné-Bissau possa sofrer
uma dinamização da economia em geral, gerando
um valor acrescentado mínimo de 30.000.000
dólares americanos e abrindo a possibilidade de
diversificação do mercado de exportação. Poderá
ainda criar pelo menos 28.000 empregos directos,
na sua maioria para jovens e mulheres; o que
ajudaria a diminuir a migração da população rural
rumo à capital de Bissau, ao espalhar as unidades
geograficamente por todo o território; e ao mesmo
tempo aumentar o poder de compra dos guineenses,
o que contribuiria para a contenção da emigração
clandestina para o espaço europeu, através da
oferta de ocupação aos jovens e da entrada de
impostos nos cofres do estado.
Aproveitando esses benefícios, pode-se ainda
promover a produção etanol a partir do pedúnculo
do caju e a geração de energia a partir da casca da
castanha de caju, resultante do processamento da
castanha. Por cada quilo de castanha pode chegar à
conseguir produzir-se de 4 a 6 Kcal, o que representa
um rendimento que pode ser considerado bom para
um país com uma grave situação energética, como
é o caso da Guiné-Bissau. É importante salientar
a possibilidade de distribuição da plantação de
cajueiros um pouco por todo o território, o que
permitiria a instalação, em todo o país, de unidades
de produção de energia.
Acastanhadecajuéquasenasua totalidadeexportada
para a Índia, onde é processada e convertida em
amêndoa, para posteriormente ser comercializada
nos mercados europeu e americano a bom preço.
Apenas 2% da produção total sofre o processamento
a nível local, nas reduzidas e diminutas unidades de
transformação presentes no país.
Potenciar a transformação local progressiva da
castanha e assim exportar o caju processado, em
amêndoa, arrecadando as mais-valias económicas
e sociais que daí resultam, o que não é tarefa difícil,
já que a indústria de processamento de caju não
carece de tecnologia sofisticada nem de grandes
investimentos.
De salientar, a relevância desta cultura como fonte
de receitas para os cofres do estado guineense,
já que totaliza cerca de 20% das receitas fiscais
nacionais.
Contudo, a realidade desta produção encerra uma
dupla dependência; a nível económico, quer pela
relação da economia a um só produto, quer pela
sua sujeição à um só mercado, o mercado indiano.
Esta dualidade constitui uma grande fragilidade e
uma ambiguidade para os produtores, ao nível dos
seus proveitos, e também para o estado, no que
diz respeito às receitas esperadas, condição essa
que é ainda mais acentuada por factores comuns a
qualquer outra actividade agrícola, a produção de
caju está sujeita à obstinação do clima e às oscilações
constantes do preço internacional do produto.