Cabo Verde: Interview with Carlos Santos

Carlos Santos

Representante do grupo Oásis Atlântico – Hotels & Resorts, Cabo Verde (Oásis Atlântico – Hotels & Resorts)

2016-10-19
Carlos Santos

Cabo Verde tem o turismo como a sua maior indústria, representando 24% do PIB e aproximadamente 20% do emprego nacional. Porém, o país precisa diversificar o sector para não depender somente de um tipo de turismo, como mencionou o Sr. Primeiro Ministro Correia e Silva na sua entrevista. Qual é a sua visão sobre essas possibilidades de diversificação do sector?

 


Acho que é chegado o momento de se apostar na diversificação, tendo em conta a maturação do sector turístico, a diversidade paisagística e natural das ilhas, a cultura e também para que o país não esteja dependente de um monopólio, tanto de um operador como de um segmento de turismo. O desenvolvimento no sector tem muito a dever a esses grandes operadores que lançaram o país no mercado internacional. Sem esses operadores nós não conseguiríamos fazer de maneira nenhuma o trajeto que fizemos. No entanto, hoje em dia as próprias regras do mercado pedem uma aposta em outros nichos, como o turismo de saúde, o turismo de meetings & incentives, o turismo da terceira idade, turismo rural de entre outros. Precisamente, porque as outras ilhas não comportam as condições naturais características das ilhas da Boa Vista, Sal e Maio, mas dedicadas a um turismo de massa de sol e praia. Todavia, com isto não se quer afirmar que o impacto do turismo balnear praticado nas ilhas do Sal e da Boa Vista não seja relevante para economia. Por exemplo, um grupo como o nosso, por cada 1000 € que recebe de um cliente, cerca de 300 € vão para os cofres do Estado, traduzido em diferentes impostos. Isso significa que estamos a falar de uma contribuição para o Estado de cerca de 1/3 das nossas receitas. São receitas fiscais. Sem contar com a parte destinada a salários e remunerações diversas e compras locais. Com efeito, o All Inclusive não pode nem deve ser considerado nefasto para a economia e para a sociedade, muito pelo contrário. Essa análise deve ser feita de forma séria para se demonstrar que Cabo Verde, viu a sua economia crescer muito devido ao turismo, com incidência nas ilhas do Sal e da Boavista, sendo o PIB per capita destas ilhas o dobro da média nacional. Um outro fenómeno digno de registo é o crescimento populacional da Ilha do Sal, tendo aumentado de 7.700 pessoas em 1990 para os atuais 35.000 pessoas em 2016, devendo isso em boa medida ao incremento da atividade turística.

 


Ninguém vai visitar um país que não conhece, do qual não tem informação. O Carlos acha que a imagem de Cabo Verde é suficientemente divulgada no exterior? Como poderia ser melhorada a imagem e o conhecimento dos diferentes tipos de turismo que o país oferece?

 


Se queremos que o destino Cabo Verde atraia cada vez mais turistas de qualidade, teremos que reformular o modelo de divulgação e promoção que é feita no exterior. A escolha dos mercados em que devemos apostar deve ter em atenção os maiores mercados emissores atuais, as feiras de turismo em q devemos participar devem ser selecionadas em coordenação com o trade do mercado e a aposta nos instrumentos digitais para publicidade e promoção deve ser a espinha dorsal da estratégia de marketing do país.
Cada vez mais, verificamos a chegada de turistas de países que antes não visitavam Cabo Verde, designadamente franceses, checos, polacos e húngaros e do mercado russo já existem contactos exploratórios, o q demonstra a necessidade de uma divulgação mais cuidada e abrangente do nosso produto

 

Em termos de oferta cabo Verde apresenta 10 ilhas, 10 destinos com uma oferta muito variada. Eu acredito que para que haja garantia de um crescimento sustentável do turismo, nós temos que explorar a nossa história e a nossa cultura, pois aí estaremos a dar a conhecer o nosso ADN, algo que nenhum outro destino pode ter.

 

A nossa vantagem comparativa relativamente a outros países é a nossa cultura e a nossa história. Temos uma cultura rica, crioula, que é a mistura de vários continentes, o que quer dizer que ao apresentarmos esta cultura a um europeu, americano e/ou africano, eles vão-se identificar connosco porque ficamos a meio caminho da cultura de cada um. Essa multiculturalidade advém do facto de estarmos no meio da encruzilhada dos Descobrimentos. Há muita coisa ainda por explorar e por apresentar sobre Cabo Verde. Porém, temos a responsabilidade de o apresentar num formato de qualidade para q possa ser vendável ao turista. Só assim, podemos falar na diversificação do turismo em termos espaciais e em termos de produto, para permitir um equilíbrio entre os grandes e os pequenos operadores.

 


O Carlos falou da criação do produto CV e dos desafios da divulgação. Quais seriam os outros desafios que o país tem ao nível do turismo?

 


CV é um país ainda novo. Ao longo desses anos fez-se um investimento muito grande a nível das infraestruturas rodoviárias, portuárias e aeroportuárias. Neste momento temos 4 aeroportos internacionais, temos boas estradas, bons portos mas continuamos ainda com alguns desafios. Um dos grandes desafios que normalmente está associado ao turismo é o transporte marítimo e aéreo. O transporte marítimo é um calcanhar de Aquiles de Cabo Verde, no presente momento, e obviamente uma oportunidade de negócio. Sem transporte marítimo não conseguimos fazer a unificação da economia do arquipélago e por conseguinte fica limitado o proveito a extrair do turismo. Sectores como agricultura, agropecuária e pescas veem o seu potencial de crescimento muito aquém do real.

 

Estima-se q as aquisições de bens alimentares, transformados ou semitransformados, adquiridos pelos hotéis em CV, atinjam os 60 milhões de €uros/ano. A esmagadora maioria dessas aquisições é feita no exterior devido a inexistência de uma indústria agroalimentar no país e devido a inexistência de um transporte marítimo inter-ilhas assíduo, pontual e de qualidade. Ora, isso significa que muitas famílias do sector rural poderiam estar a beneficiar do turismo se esse constrangimento não existisse. Significa ainda que o país poderia poupar centenas de milhões de Escudos em divisas caso o abastecimento dos hotéis fosse feito pelo mercado nacional e poderia gerar muitos mais postos de trabalho noutros sectores. Creio q a única forma de se resolver isso, tendo em conta que os transportes marítimos não são um sector viável, teria que passar por uma subsidiação do Estado aos armadores, durante uma fase inicial.

 

No q respeita a transporte aéreos, apesar da sua existência denota-se que as tarifas praticadas desincentivam o turista de visitar outras ilhas, o que permitiria o desenvolvimento de outras ofertas e de outros negócios em cada ilha. Por outro lado, Cabo Verde tem de dar passos claros para aderir ao open sky, de forma descomplexada, para facilitar e atrair mais turistas e apostar em novos nichos. Este ano, o país poderá acolher cerca dos 680 mil turistas, sinal demonstrativo que rapidamente estamos a retomar taxas de crescimento que podem atingir os dois dígitos ao ano. Há q aproveitar este novo ciclo de crescimentos q se inicia.

 

Outros desafios residem na necessidade da requalificação de pontos interesse turísticos nas diferentes ilhas. Existem sítios e locais com relevância histórica e cultural que carecem da sua identificação, classificação e consequente divulgação junto das agências e operadores turísticos por forma a densificar a oferta turística no país. Paralelamente, nós precisamos apostar na questão da qualidade do turismo. A certificação em qualidade de determinadas unidades de negócio, nomeadamente restaurantes, pubs, lojas de artesanato, centros de atividades desportivas é a via certa para atrair os turistas que se hospedam nos grandes hotéis, tendo um efeito de distribuição de rendimentos, ancorando outras atividades económicas ao turismo. É urgente a requalificação urbana. Não se pode querer por exemplo, que o turista saia do hotel para ir a cidade de Santa Maria se nós não tivermos a cidade em condições para o receber com passeios bem pavimentados, casas pintadas, iluminação pública, etc. É um processo que ainda está a decorrer, leva o seu tempo, mas é necessário para poder atrair e fidelizar os turistas, pois as condições naturais já existem: Boa Vista e Sal têm as melhores praias do Mundo e país é bafejado pelo SOL durante cerca de 360 dias por ano.

 

A aposta na qualidade não pode ser descuidada, pois Cabo Verde recebe visitantes dos países europeus, onde a qualidade e segurança dos serviços já é uma realidade, pelo q exigem esse mesmo padrão de serviço. Por outro lado, as pequenas unidades de negócio ao apostarem nessa via estarão em sintonia com os grandes hotéis, por questões de custos, pois interessa-lhes que o hóspede faça uma ou outra refeição fora do hotel. Esse contacto com a cultura, através da degustação de um prato típico ou escutando uma música de Cabo Verde são elementos que determinarão, em grande medida, se o visitante pode ou não regressar ao país.

 


Vários atores do sector turístico queixam-se da falta de diálogo com o governo precedente. Tinham diálogo, mas não se traduzia numa ação concreta. O Carlos acha que com o novo governo isso vai mudar?

 


Com o antigo governo, de fato, houve um divórcio com o sector empresarial no seu todo, tendo como consequência o crescimento anémico do PIB nos últimos cinco anos. As empresas e as pessoas são pilares dos países, cabendo ao Estado apenas o papel de regulador e podendo intervir nos espaços onde haja falhas de mercado ou onde a preocupação social tenha maior relevância. Ora, o q aconteceu foi que o Estado entrou por um caminho em que muitas vezes substituiu o sector privado, assumindo o papel de concorrente e noutros casos não soube defender determinados sectores designadamente o da construção civil. A política fiscal escolhida também não foi a melhor.

 

Com este governo há um outro comportamento e outra ambição. Fala-se da necessidade de Estado parceiro, de um Estado que facilita a vida dos contribuintes. Pelo menos tem-se notado um diálogo mais permanente com o Ministro da Economia, estamos a discutir a possibilidade da Câmara de Turismo assumir algumas competências no domínio do turismo q tradicionalmente foram sempre exercidas pelos Governos. As primeiras medidas no que respeita a reafectação das receitas da Taxa Turística e da Taxa Ecológica para serem investidas diretamente pelos governos locais demonstram uma preocupação séria sobre a requalificação das cidades e dos pontos de interesse turístico. Há, igualmente, compromisso para alteração da legislação fiscal, tendo em vista uma maior competitividade da economia.

 

A nível institucional já houve uma reconfiguração da principal instituição de promoção do investimento e a nível do turismo há a hipótese de se criar uma instituição que tenha como foco único, o desenvolvimento de Cabo Verde como um destino de referência.

 

Estas medidas vêm aquietar a classe empresarial e nota-se uma grande expectativa dos empresários e uma nova esperança das pessoas. Paralelamente, e para completar o quadro, Cabo Verde passa por um excelente momento a nível do turismo: a procura vem crescendo nos últimos 3 semestres consecutivamente, até o 1º semestre de 2017 a ilha do Sal ganhará mais 1500 quartos, aumentando em 30% a capacidade instalada, os dois grandes operadores turísticos do Mundo têm anunciado o incremento de novos voos, ou seja, há motivos para estarmos confiantes. Todavia, é o momento para aprimoramos os factores de competitividade, designadamente estabilidade e previsão fiscais, requalificação dos pontos turísticos, capacitação dos nossos quadros, garantia de segurança jurídica e das pessoas e facilitação do acesso aéreo ao arquipélago.

 

O Governo começou a perceber que o foco deve estar no Turismo. Este sector servirá de alavanca para as restantes atividades da economia. E todas as políticas sectoriais, designadamente, a política de educação e formação, a segurança, a diplomacia, a justiça, os transportes, a segurança social devem estar encadeadas em função do sector maior que é o Turismo. Entendendo esta equação, o país poderá crescer de forma sustentada, novos postos de trabalho serão criados e a pobreza será reduzida a zero.

 


O grupo Oásis é um dos primeiros que se estabeleceu no país está presente Santiago, Sal com dois hotéis em São Vicente. Fale-nos um pouco da trajetória do grupo, da sua capacidade e qualidade hoteleira e número de empregados.

 


O Grupo surge em 1993, após umas férias, na ilha do Sal, de um grupo de amigos de nacionalidade portuguesa do qual fazia parte o Sr. Agostinho Abade, atual Presidente do Grupo Oásis Atlântico. Interessaram-se pela ilha e pelo seu potencial turístico, tendo adquirido uma empresa local, a Companhia de Fomento, que se dedicava à extração e exportação de sal, desde o início do século XX, pelo que era detentor de um vasto património imobiliário na ilha. Acontece q na mesma altura, o Governo de então deu início ao processo de privatização das principais unidades hoteleiras estatais, tendo o Grupo adquirido três unidades hoteleira: o Hotel Praia Mar na capital do país, o Hotel Belorizonte na ilha do Sal e o Hotel Xaguate na Ilha do Fogo. Adquiriu, igualmente, o Hotel Porto Grande na Ilha de S. Vicente, na mesma altura.

 

No ano 2000, o Grupo expande-se para Fortaleza, no Brasil, onde opera com 2 unidades e tem projetos turísticos e imobiliários em desenvolvimento.

 

A partir dessa data, o Grupo não tem parado. Continuou a expandir as suas unidades hoteleiras, tendo aumentado a dimensão do Hotel Belorizonte e construído o Hotel Novorizonte na ilha do Sal, perfazendo estes dois hotéis 363 quartos.

 

Com o boom económico verificado em 2004 – 2007, o Grupo iniciou o processo de desenvolvimento de vários projetos imobiliários-turísticos, designadamente o Hotel Salinas SEA, no Sal, inaugurado em 2013, hotel de 5 estrelas e que comporta 338 quartos; tem em lançamento o projeto Salinas SAND, também na Ilha do Sal que deverá contemplar cerca de 450 quartos/apartamentos e no longo prazo, um complexo residencial, o Salinas Residence, de 427 apartamentos turísticos numa área de 35.000 m2. Na Ilha da Boa Vista, o Grupo tem como projetos, o Chaves Resort, um investimento de 66 M€ que deverá permitir a construção de uma unidade de 550 unidades e o Sal Rei Villa, hotel situado na cidade de Sal Rei, comportando 120 quartos. Atualmente estamos em fase de investimentos de renovação dos hotéis e o Hotel Belorizonte vai ser dotado de mais 72 bangalós em finais deste ano.

 

O Grupo opera com 1.141 quartos, sendo 874 em Cabo Verde e 267 no Brasil. Emprega, em Cabo Verde, em media cerca de 750 colaboradores.

 

Atualmente estamos a estudar novos mercados, designadamente dos países lusófonos e de países da América Central.

 

O Grupo Oásis Atlântico quer afirmar-se cada vez mais como um grupo do eixo Europa- África- América Central, procurando tirar proveito do eixo histórico e cultural que une esses povos. Quer afirmar-se como um grupo multicultural que busca na cultura o elemento essencial para memorizar as férias de qualquer visitante. Quer, igualmente, crescer apostando na estratégia da diferenciação e não da concorrência, enfatizando sempre as férias como um momento de aprendizagem com os povos do destino e um momento de enriquecimento pessoal através do contacto com a história e cultura dos outros. Com efeito, os hotéis da marca Oásis impulsionarão sempre os aspectos culturais do país onde estão localizados e esses elementos estarão sempre presentes na decoração, na gastronomia, na animação e na responsabilidade social de cada hotel. Cada hotel é um recanto do país de acolhimento no universo Oásis.

 


Quais são os níveis de ocupação dos hotéis e qual o perfil do visitante do Grupo Oásis?

 


Nesses últimos 2 anos temos taxas de ocupação que rondam os 70% . São níveis interessantes para um país que tem alguma sazonalidade no período de Maio e Junho. Isso demonstra que há uma procura muito grande de vários países. Os hotéis na ilha do Sal são hotéis de turismo balnear, tem pessoas de todas as nacionalidades consoante a época. De Novembro a Abril, acolhemos turistas vindos dos países escandinavos, da Alemanha e do Reino Unido. Normalmente, são pessoas na faixa etária dos 50 aos 65 anos que vêm para descansar. Entre Maio e Outubro, são pessoas vindas do sul da Europa: Espanha, Portugal e Itália e França. Ao longo do ano recebemos igualmente turistas vindos do leste da Europa: Polónia, República Checa e Hungria, um novo mercado em crescimento. Continuamos à procura de outros nichos e outras nacionalidades. O mercado russo é muito apetecível mas constrangimentos de ligação aérea continuam dificultar a vinda do turista russo.

 


O Grupo Oásis é um caso de sucesso em Cabo Verde: quais são as vantagens competitivas que o grupo tem que acha que explicam esse sucesso?

 

 

Em primeiro lugar, é o fato de estarmos presentes em três ilhas e muito proximamente numa quarta ilha. Não há nenhuma empresa hoteleira em Cabo Verde que tenha esta característica.
Em segundo lugar, somos um grupo que valoriza muito a cultura e a história de Cabo Verde. Tanto pela prática de hotelaria, traduzida no investimento que fizemos ao longo anos no Grupo de Animação, com colaboradores a tempo inteiro nos hotéis, celebrando com os clientes a música de Cabo Verde. Por causa disso criamos um clube de clientes fiéis que marcam presença nos nossos hotéis anos após ano.
Em terceiro lugar: a gastronomia que nós oferecemos. Não somos um grupo de dimensão internacional que normalize e estandardiza o produto. Em cada hotel o turista encontra um pedacinho daquilo que é a cultura de Cabo Verde. O turista que escolhe o grupo Oásis para passar férias sente um atendimento personalizado e isso é dito pelos próprios turistas. Nós não temos a intenção de ter um hotel de grande dimensão sem contacto com os nossos colaboradores. Procuramos um contacto familiar, providenciamos uma proximidade com a cultura, as nossas noites são abrilhantadas normalmente por grupos musicais locais.
Em quarto lugar, é a nossa localização que é junto à melhor praia, a praia de Santa Maria que é uma das sete maravilhas de Cabo Verde. É uma das mais belas praias do Mundo
Em quinto lugar, a proximidade dos nossos hotéis com os centros urbanos, as down towns, em todas as ilhas. As pessoas têm a possibilidade de se deslocarem aos centros urbanos, estar com os residentes, conviver, frequentar os espaços musicais, restaurantes e pubs.

 

A própria história social e política destas ilhas teve como palco os hotéis Oásis pelo que o povo cabo-verdiano tem um carinho muito especial para com o Grupo Oásis Atlântico, sem descurar outros nobres valores que o Grupo assume, designadamente o cumprimentos das suas obrigações fiscais e a responsabilidade social. É um grupo q vem gerando riqueza e é criador de empregos em larga escala. Isto tudo diz muito da forma séria como o Grupo vem trilhando o seu caminho com sustentabilidade. Essa é a imagem de marca que nós cultivamos e passamos.

 


An interview conducted by Alejandro Dorado Nájera (@DoradoAlex) and Diana Lopes.