Cabo Verde: Interview with Sr. José Moreno e Sra. Paula Almeida

Sr. José Moreno e Sra. Paula Almeida

Administradores da Sociedade Agrícola Ilha Verde (Grupo Ilha Verde)

2016-09-06
Sr. José Moreno e Sra. Paula Almeida

An interview conducted by Alejandro Dorado Nájera (@DoradoAlex) and Diana Lopes


Cabo Verde sobressai pela sua alternância tranquila dos partidos no governo o que mostra força institucional, e é também um dos países com resultados melhores da África em liberdade de imprensa, em corrupção e em qualidade democrática segundo Freedom House, Tansparency Internacional, The Economist Intelligence Unit respetivamente. Qual é o segrego de Cabo Verde para manter esse nível de qualidade e estabilidade democrática? Quais são as outras vantagens, além da estabilidade, que Cabo Verde tem comparado com países vizinhos?

Cabo Verde é um país que foi criado pela vontade dos cabo-verdianos. É um país com poucos recursos, insolar, que só existiu durante algum tempo na nossa cabeça e no nosso coração.
Cabo Verde hoje tem muita coisa para oferecer ao mundo. Primeiro a questão da estabilidade governativa, um factor atractivo. Em outros países da região as pessoas não conseguem investir, assegurar e defender o seu investimento frente a uma justiça que funciona deficitária. É um país que tem a mesma tradição que os países mais avançados nesse sentido.
Temos uma coisa muito importante hoje que é a questão da segurança. Cabo Verde é um país seguro que prima pela segurança dos seus cidadãos e dos turistas que cá vêm. A Segurança é um bem valioso que a maioria dos países mais desenvolvidos procuram para fazer turismo e para realizarem os seus investimentos. Por sermos ilhas em termos de controlo das fronteiras em termos de segurança dos que entram e saiam é mais adequado.
Somos um país onde as pessoas tem um nível de formação alta comparando com a nossa região,  para aprender e para fornecer mão-de-obra para as empresas que aqui se quiserem estabelecer.
Segurança jurídica e pública, recursos humanos disponível em termos de qualidade e quantidade a baixo custo, abertura do nosso governo para atrair investidores: essas são as vantagens com que conta o país para que os investidores de fora possam vir, investir e utilizar Cabo Verde como plataforma para se estabelecerem e a partir daqui fazer os seus negócios com os outros países de África.


Sendo muito sincero, eu fiquei impressionado com a história do Projeto Ilha Verde. É uma ideia inovadora que estão a implementar agora, 30 anos depois do seu inicio. Os leitores da HBR gostam muito de casos de empreendedorismo e inovação: como surgiu esta ideia?

Os meus tios no passado, logo depois da independência, aperceberam-se de que Cabo Verde tinha um problema com a agricultura: não tem terra (só 20% é cultivável) e não tem água suficiente para produzir os alimentos de que precisamos. Meu tio imigrou para a América Latina, e encontrou uma boa terra que estava a venda no Paraguai, perto da fronteira com o Brasil.
Ele elaborou um projeto de produção de cereais no Paraguai e apresentou esse projeto para o governo de Cabo Verde resultando numa parceria em 1985. Foi criada uma empresa, “Agricola Armesticio, SRL” entre os meus tios com 20% e o Estado cabo-verdiano com 80%. Com a burocracia do Estado o projeto foi-se atrasando, até sair do holofote do Estado. Na altura eles integraram o projeto dentro da empresa pública de abastecimento “EMPA”; distribuidora encarregada da segurança alimentar em todo o País, que não tinha vocação para realizar um projecto agrícola de grande envergadura porque o investimento inicial eram avultados e exigia alguma competência técnica e autonomia financeira, que a EMPA não tinha. Era necessário fazer investimentos em mecanização das terras que levavam entre 5 a 10 anos e só depois então é que se começava a ver o resultado. Não foram feitas e o projecto ficou no abandono durante 12 anos seguidos.


A partir daí surgiu o “Projeto Agrícola Ilha Verde”. Qual foi a evolução desse projeto desde esse projeto primigénio até a atual resultado das 12 mil toneladas trazidas a Cabo Verde e armazenadas? Quais foram os maiores desafios que tiveram que ultrapassar?

O projeto ficou parado durante vários anos até que o governo anterior fez a privatização da empresa. O Estado tinha 80% da sociedade, nós tínhamos 20% mas o Estado tinham lotes de terreno que não pertenciam à sociedade, mas inserida dentro da sociedade para efeitos de exploração . O governo portanto, no final dos anos 90  com o processo de privatização, resolveu vender a sua parte da sociedade e os lotes de terreno para o sócio minoritário. vendeu a sua parte da empresa, para  pagarmos em 25 anos. Só que o Estado ao vender a empresa e os lotes de terreno, não passou o título da propriedade das terras enquanto não terminarmos de pagar. Com isso ficamos amarados sem poder financiar-se no Paraguai para investimento no desenvolvimento da produção nas terras, porque não tínhamos o titulo da propriedade e nem poderes do estado para usar as terras como garantia junto das instituições financeiras.

Então ficamos impossibilitados de fazer grandes obras nas terras de 1998 até 2013, Altura que o governo resolveu fazer uma nova negociação connosco, onde aproveitamos para fazer um novo contrato de compra e venda das terras, com menor prazo de pagamento e com libertação das áreas à medida que íamos pagando. Assim aconteceu, hoje temos 5.500 hectares de terras mecanizadas e a produzir, já libertamos quase 80% das terras ao governo, com os pagamentos acordados, iniciamos o investimento em Cabo verde com a adquisição de uma unidade de 5 silos com capacidade estática de 20.000 toneladas no porto da Praia.

Atualmente nós mudamos a estratégia com o Paraguai, concentrando a nossa actividade na criação de condições para o financiamento da produção junto dos rendeiros e depois fazer a recolha e tratamento dos produtos destinados a Cabo verde para a transformação, abastecimento do mercado e exportação. Estamos a dar enfâse no desenvolvimento da parte do projecto em Cabo verde. Tencionamos usar uma parte do património no Paraguai, para financiarmos o investimento em Cabo Verde. A construção de  fábrica agroalimentar de transformação de graus de soja, o projecto de álcool e aguardente, a fábrica de transformação de farinha. O objetivo é ficar com uma fazenda com menor quantidade de terra e totalmente industrializado  com sistemas de irrigação eficientes, sistemas de processamento agrícola moderna e com meios adequados de produção, recolha, armazenagem e conservação.
Nós arrendamos as terras aos produtores, com o compromisso de que eles têm de vender a nós a produção. Produzem o que determinamos. Nós financiaremos as produções dos agricultores e, no final do ciclo, nós recolheremos a produção, retiraremos o valor do financiamento e pagamos ao preço acima da média com o objectivo de trazer a Cabo Verde para transformar e depois exportar para os países vizinhos da África.


Se eu não me engano, atualmente têm os silos na Praia com 20,000 toneladas de capacidade, estão a instalar silos em Mindelo de 11,200 toneladas, contam também com a empresa Linha Verde que vai ligar de barco as ilhas e mesmo o continente para o transporte e abastecimento de cereais e mercadorias derivadas, e no futuro contam produzir biodiesel, álcool, açúcar, licores, ração animal e outras atividades permitidas graças a aumento da capacidade de armazenamento e abastecimento de grau num “Complexo Industrial Agrícola Ilha Verde. Poderia nos falar desses planos de futuro e do seu estado e fases de implementação?

Falando do Complexo Industrial Agrícola Ilha Verde, já compramos o terreno perto da praia de São Francisco onde vamos montar o complexo industrial, num município chamado Sobrabolo. Queremos fazer loteamentos, assumindo o custo da urbanização, do esgoto, para transformar aquilo numa zona com aptidão industrial onde cedemos espaços, pavilhões, para as pessoas que queiram dedicar a actividades ligadas a agro-indústria, se  estabelecerem. O grupo está totalmente aberto, para fazer parcerias. Por exemplo, neste terreno já estamos com o projeto de produção de aloé vera e catos, nas encostas, juntamente com um empresário da União Europeia.

Na Achada Grande Trás temos um terreno, disponibilizado pela Câmara Municipal da Praia, que vamos usar para montar silos, e fazer toda a logística para a exportação e distribuição entre ilhas.

Temos um projeto agroindustrial para esmagar cerca de 60.000 a 120.000 toneladas de soja ao ano aqui em Cabo Verde, trazida de Paraguai. Isto vai dar emprego a muita gente. Mas também a industria vai colocar o nosso país no caminho da industria, já que a soja por si só como matéria prima, permite criar muitas industrias ao mesmo tempo com os subprodutos de uma ou outra industria.
A soja é um cereal que chamamos de carro chefe do agronegócio.


Qual é o financiamento requerido? Estão á procura de parceiros ou financiadores estrangeiros para a sua implementação?

Em termos de financiamentos, aqui em Cabo Verde, é difícil. Nós não conseguimos. Os bancos não estão preparados para um projecto como o nosso. aqui não financiam ideias e nem projectos que não sejam imobiliária, compra de viaturas ou adiantamento de salários.
Nós temos um silo que fizemos com os nossos recursos e nos custou 5 milhões de dólares, que podia servir de garantia para financiamento, mas os bancos não aceitam alegando que caso de incumprimento que não conseguem vender os silos. Temos o silo cheio de milho, tanto que as vezes chega a ter 4 milhões de dólares de stock, e não aceitam porque o milho também pode apanhar gorgulho e não serve como garantias. temos um barco que nos custou 3 milhões de euros: não serve, porque há o risco de afundamento. Precisamos de parceiros, de investidores interessados nesse sector da actividade e que vejam Cabo verde com bons olhos para o desenvolvimento dos seus negócios.

Agora recentemente há um ano que estamos a sair fora a procura de parceiros e de financiamentos. Já fomos ao BEI (Banco Europeu de Investimentos), ao Banco Africano de Desenvolvimento, à Alemanha, a Portugal e gostaram do projeto mas de qualquer forma nós continuamos a investir lentamente com os poucos recursos que temos e a tentar financiar também no Paraguai usando parte do património que lá temos para ajudar no investimento em Cabo verde.
Acreditamos que os grandes bancos de desenvolvimento na europa, na África que apoiam estes tipos de projectos, vão ver e acarinhar o Projecto Ilha Verde, que assenta sobretudo na garantia de segurança alimentar em África.


O Projeto Ilha Verde foi declarado de interesse excepcional pelo Estado devido ao grande beneficio que pode trazer ao pais. Isso acarreta muitas responsabilidades contratuais em termos de investimento, prazos de implantação e criação de atividade económica e emprego, mas também traz vantagens para a empresa. Quais são essas vantagens em termos de benefícios fiscais, facilidades ao investimento, á exportação e importação?

Tanto o governo anterior como este governo, nos trataram sempre muito bem. Nós temos uma convenção de substabelecimento assinado com o Estado, que é uma convecção que nos dá alguns direitos, mas também temos obrigações. Temos de investir 100 milhões de euros nos próximos 12 anos. Nós comprometemos empregar mais de  1.500 pessoas nos próximos 4 anos.
Durante esta fase de investimento  somos isentos de imposto. O Estado garantiu-nos com essa convenção um conjunto de incentivos para que possamos desenvolver as diversas vertentes do projecto.
A importação de cereal aqui é livre e não paga imposto. A nossa ideia é trazer um grupo de empresários da América Latina para a criação duma plataforma de cereais aqui em Cabo Verde, que possa abastecer muitos países da África e alguns da Europa. O nosso Ministro da Agricultura e Ambiente, o Nosso Ministro da Economia e Emprego e o nosso Ministro das Finanças estão totalmente abertos, a apoiarem essa iniciativa, criando zonas livres para que esses empresários possam trazer os seus produtos sem grandes custos à entrada e se contribuem com os impostos no processo de reexportação.
O Estado e os governos tem nos dado todo o apoio e facilidades necessário para implementarmos o projeto.


O grupo empresarial ao que pertence o Projeto Ilha Verde abrange mais áreas de negocio e multiplex empresas. Poderiam nos falar mais dessas outras áreas onde o grupo tem interesses?

Neste momento nós temos 7 empresas.
A Empresa Agrícola  Ilha Verde é a empresa principal  que vai  dedicar-se a transformação agro-industrial.

A Empresa Silos Marangatu, é a que dedica a  logística de importação de cereais de Paraguai e de outros países do mundo, armazenagem, conservação, distribuição interna e exportação.

A Empresa Verdelines, que neste momento conta com o maior cargueiro nacional , dedica-se ao sector de transporte marítimos entre ilhas e ligação com a costa africana.

A empresa Draga Praia Mar, com um barco de dragagem, com capacidade de carga de 4.000 toneladas, vai dedicar-se exclusivamente a dragagem de portos na nossa região e transporte de inertes “Britas de basalto” de Cabo Verde para Gambia e importar areia de dragagem de rios da Guiné Bissau para Cabo verde para a construção civil e reposição das areias das praias.

Empresa Verdelog, de logística terrestre, com cerca de 10 caminhões, 100 atrelados, 100 contentores e vários equipamentos de carga e descarga. O nosso grupo possui empresa entreligadas. Como nós temos o serviço de transporte de barco, dedicamos ao transporte porta a porta de cargas junto dos nossos clientes. E prestamos serviços de transporte terrestre a outras grandes empresas nas Ilhas de Santiago, São Vicente, Fogo,  Sal e Boa Vista.

ISONE é uma empresa ligada as novas tecnologias de informação e comunicação desde 2008. Neste momento temos uma boa equipa de programadores e técnicos com muita experiencia e capacidade para desenvolverem soluções para qualquer área de negócios. Prestamos serviços de assistência técnica e consultoria ao nosso grupo de empresas,  ao estado, a grandes empresas cabo-verdianas, representamos grandes marcas internacionais, formamos técnicos para as outras empresas e para o mercado em geral.
A tecnologia hoje em dia está em tudo. Durante algum tempo o privado pouco espaço tinha, para fazer alguma coisa no mercado de tecnologia em Cabo Verde, porque o Estado como maior consumidor, tinha a sua empresa que fazia os seus trabalhos e empresas como a nossa só sobreviveu graças à integração que temos dentro do nosso projecto, permitindo que a ISONE dedicasse grande parte do seu tempo a criar soluções para as nossas empresa, soluções essas que depois de estarem prontas, podem ser vendidas a outras empresas. tem sido a responsável de toda a parte da automação do Silo, da segurança electrónica, a criação do software de gestão marítimo, a plataforma de gestão documental que nós utilizamos, etc. Já trabalhamos com todas as maiores empresas de Cabo Verde, desde os de sectores de comunicações, turismo, estatais, comercio, prisões, etc.

Empresa de Produção e Fomento Agropecuário (EPFAP), de fomento a agropecuário, projeto muito querido pela SE o Sr. Ministro da Agricultura e Ambiente. Além de trazer muita mais valia para Cabo Verde em si, vai trazer dois pontos fortes: vai gerar emprego para o meio rural, e vai aproximar Cabo Verde dos nossos países vizinhos da CEDEAO, dos nossos irmãos da costa ocidental. O objetivo é o fomento da industria agropecuária. Nós já construímos a incubadora de frango e vamos ter os pavilhões, o matadouro e a fábrica de ração. Vamos formar famílias e associações de criadores do mundo rural para prepara-los para a produção industrial de aves dentro duma cadeia de produção em que garantimos a matéria prima, as unidades de transformação e o mercado e eles dedicam à produção.

Quando as pessoas nos perguntam por quê estamos metidos em várias áreas  respondemos que não são várias áreas, nós temos 3 áreas: sector marítimas, sector das tecnologias e sector agro-industrial. São as nossas áreas e complementam-se.


Os Senhores já nos falaram dos planos de futuro a curto prazo, mas quais são os seus planos de negócio ao meio e longo prazo? Tem planos de penetração em outros nichos de mercado?

Temos um projeto quase na fase de implementação com um grupo alemão a nível marítimo: Transporte Marítimos 2020.
É um projeto também ambicioso que foi muito acarinhado, muito aceite pelo atual governo. Um projecto integrado a nível de sector marítimo que engloba várias áreas ligada ao mar e que vai colocar Cabo verde num patamar diferenciado com vários países.
O projecto vai ter parceria do estado e dos privados cabo-verdianos. O projecto engloba a parte de segurança marítima, a criação duma escola de excelência no sector marítimo e vai permitir a diversificação do turismo, introduzindo a parte de cruzeiro e a ligação intercontinentais a partir de Cabo verde.
A nossa meta é a exportação. Tudo que estamos a fazer, tem uma dimensão que ultrapassa o nosso pequeno mercado. Contamos sempre com o nosso país, a diáspora cabo-verdiana espalhadas pelo mundo, o mercado da CEDEAO, da Europa, os PALOP e por quê não, aproveitando a facilidade “AGOA” [African Growth and Opportunity Act] para exportar para os EUA.
A curto prazo pretendemos consolidar as unidades de negócios já criadas e torna-las rentáveis e a médio longo prazo apostar forte no desenvolvimento das unidades de transformação agro-industriais em Cabo Verde. Criar parcerias estratégicas a nível da África e encontrar parceiros financeiros que acreditem, apostam, acompanham e assegurem o nosso investimento.


Este Grupo é uma empresa internacional de bandeira para Cabo Verde mais não muito falado quando é um exemplo de inovação, empreendedorismo e perseverança. Qual é a sua estratégia exterior para posicionar a marca Ilha Verde e Cabo Verde no exterior?

Repare uma coisa, aqui em Cabo Verde, nós optamos primeiro por trabalhar nas sombras. Ir fazendo as coisas e só depois mais á frente, quando o alicerce  estiver criado fazer alguma divulgação. Nós tivemos o caso de silos. Quando fizemos os silos tiveram uma outra visibilidade. O cabo-verdiano é ver para querer. Como esse projecto já dura há bastante tempo, foi anunciado várias vezes e não começou, optamos para divulgar só aquilo que já fizemos e que temos certeza que vai acontecer dentro dum espaço de tempo determinado.
Pouco a pouco vamos divulgar. Hoje cabo verde inteiro sabe que existe o projecto Ilha Verde, que empregamos muitas famílias, que contribuímos para a baixa do preço do milho no mercado em mais de 35%, que estamos comprometido com o desenvolvimento do nosso país, que somos um grupo de empresas sérias, que respeita as leis do mercado e que pratica um preço justo.
A nossa ideia é que Ilha Verde seja uma marca forte no nosso país e no mundo e vamos consegui-la com trabalho, dedicação, perseverança e qualidade. Mas vamos apostar na divulgação a partir de 2017. Uma divulgação das realizações e dos bons êxitos conseguidos.


Qual é a mensagem que os Senhores queriam transmitir aos leitores e potenciais empreendedores e relação  a importância de acreditar no seu projeto e da perseverança?

Eu acho que primeiramente as pessoas tem que acreditar. Acreditando que as pessoas tem de insistir e lutar para as coisas acontecerem. Para mim nada acontece por acontecer. Tudo exige algum sacrifício, tudo exige conhecimento e tudo principalmente tem que ter muita insistência, perseverança. Principalmente o Adriano, o Djodjo e o Ulisses  que foram mentores do projeto no Paraguai e Cabo Verde. Estão a 36 anos nisso, nunca desistiram. Eu também quando ia entrar no projeto todos os empresários me disseram “tu és maluco ou quê? vais meter o teu dinheiro lá? semear no mar”, etc., porque o Investidor cabo-verdiano só acredita no imediato. As pessoas têm de acreditar no sonho e acima de tudo, fazer contas, porque qualquer atividade que nós fazemos se não tiver valor não presta e não dura. Tudo que estamos a desenvolver, tem um estudo  técnico e de viabilidade.  Nós avaliamos, nós acreditamos, mesmo que as outras pessoas não acreditem, e levamos para frente, para a implementação.


Para finalizar, qual é a mensagem para os leitores e potenciais investidores da HBR em relação as oportunidades de negócio e a porque eles tem que confiar seus investimentos em Cabo Verde?

Cabo Verde, como eu disse no início, tem boas condições para atrair investidores estrangeiros. O clima propicio, a segurança jurídica, a estabilidade política, o respeito pela propriedade privada, os incentivos que o nosso governo dá aos investidores, o posicionamento e localização do nosso país para o mundo. O Mercado comum da CEDEAO, o mercado africano. A nossa gente e a nossa população instruída e com um nível cultural elevado, os hábitos e costumes do nosso povo e a morabeza: como o investidor ou turista é recebido e integrado na nossa terra. Tudo isso são pontos fortes que diferenciam o nosso país dos demais países da região.
Todos os sectores da actividade económica em Cabo verde oferece ainda espaço para receber investimentos com retornos no nosso pais e com um mercado alargado para o continente e a diáspora cabo-verdiana espalhada no mundo.