Mozambique: Interview with Lourenço Sambo

Lourenço Sambo

General Director / Diretor Geral (Centro de Promoção de Investimentos)

2016-06-09
Lourenço Sambo

An interview conducted by Alejandro Dorado Nájera (@DoradoAlex) and Diana Lopes

Moçambique tem um potencial de crescimento invejável para muitos países vizinhos e do resto do mundo. Segundo o Sr. Sambo, quais são a principais vantagens do Moçambique comparado com os países da região do ponto de vista económico?

Moçambique tem uma costa muita longa, de cerca de 2.700 km isto dá-lhe uma enorme vantagem competitiva relativamente aos seus países vizinhos.

Moçambique sendo um país eminentemente agrícola, têm um potencial enorme sobretudo quando olharmos para aquilo que eu chamo “a próxima Guerra Mundial” que é a guerra da comida: segurança alimentar é extremamente importante e é outra vantagem do país.

Existe também um potencial enorme na área dos transportes ou na área do turismo onde, graças ao nosso meio ambiente privilegiado, temos uma grande vantagem competitiva.

O desafio hoje é tornar um país com essas vantagens num país competitivo. Portanto, o desafio é a competitividade económica; o potencial esta cá mas naturalmente que isto implica ter as infraestruturas no lugar, portanto é um grande desafio hoje em dia olhando para a configuração geográfica de Moçambique. Moçambique é um país longo, comprido, que exige estar de pé. Para tal tem de ter ao longo da costa uma espinha dorsal. A espinha dorsal é ter um corredor comum para o desenvolvimento de infraestruturas de apoio a outros sectores, nomeadamente, a questão de energia. Nós temos que trazer energia do centro do país para o norte e para o sul. Nós temos que ter uma linha férrea que sai do norte para o sul que também sirva de espinha dorsal.  Hoje por exemplo, estamos a fechar um projeto relacionado com a distribuição de gás: gás do Rovuma para o sul, passando também para África do Sul.

São estas as vantagens competitivas de Moçambique.


Já faz mais de um ano desde que o novo governo foi formado. Segundo o seu ponto de vista, quais são as principais realizações do governo neste primeiro período?

Naturalmente estamos a falar de um Governo que esta há menos de dois anos, e que encontrou muitas adversidades inicialmente, como foi o exemplo das calamidades naturais (tanto cheias como secas).
A grande realização que este governo conseguiu foi repor as infraestruturas destruídas pelas ditas calamidades. Quando o Governo tomou posse, grande parte das localidades ou as províncias do norte não tinham energia. O Governo conseguiu repor a energia mostrando assim uma grande capacidade de recuperação. Usou todos meios possíveis e imaginários e conseguiu.

Estamos a falar de um Governo que é muito jovem com vários desafios pela frente, mas as coisas estão a acontecer. E estão a acontecer porque essa visão pela diversificação económica, essa visão de não olhar só para o recurso do carvão, de não olhar só para o recurso do gás, de não cometer os erros que os outros cometeram e depender só de dois produtos principais -do carvão, do petróleo, ou do gás-, foi assumida pelo novo Governo.

A filosofia de diversificação económica traz, até certo ponto, uma mais valia, sobretudo para a criação de emprego. Os países pobres, sobretudo africanos, precisam muito de Know-How e por isso há um grande desafio e portanto uma grande aposta no capital humano.
Neste novo governo há uma nova abertura, esta nova infraestrutura de governação quer dizer que o Governo vai ao encontro dos problemas que Moçambique tem.


Como nos comentou o Embaixador Carlos dos Santos na Embaixada de Moçambique nos USA, Moçambique é considerado um exemplo de crescimento e estabilidade macroeconómica com uma taxa de crescimento que atingiu quase 8% na última década. Porém, este ano a previsão é de uma queda da taxa até o 5% do PIB. Quais são as causas desta queda? Quais são as medidas que o Governo está a planear e implementar para melhorar a situação económica? Qual é o papel do investimento estrangeiro?

Moçambique não é uma ilha, Moçambique esta dentro de um organigrama que eu chamo de “aldeia global”. Olhando para aquilo que é a nossa aldeia global, nosso mundo, estamos a falar da queda dos preços dos commodities. Estamos a falar de várias crises em muitos sítios: podemos pegar pela Europa, a crise do euro.
Olhando já para o continente africano, as maiores economias, a Nigéria e a África do Sul, que para a África Subsaariana estão a funcionar como tribo, o nosso saldo da balança comercial não é muito bom. Nós importamos mais e exportamos menos. Portanto, isso afecta, afecta porque funciona como fenómeno exógeno que reduz a capacidade de crescimento.

Olhando justamente para os últimos dez anos, como bem disse, temos crescido a uma média de 7.5% e o ano passado crescemos 6.6% do PIB. Este ano provavelmente entre 5% e 6%. Não vamos conseguir crescer acima de 7%, que é o desafio.

Esta referência que eu fiz, a questão da diversificação económica é importante.
O que é diversificação económica? É olhar para aquilo que nós temos como potencial e aumentar a capacidade produtiva. A capacidade de produzir é o que vai resolver, digamos, o problema de inflação, que é o maior problema. A capacidade de produzir é o que vai reverter a tendência de redução da nossa taxa de crescimento e, mais do que isso, vai permitir implementar essa visão de centrar o crescimento na mão de obra.
Aqui é onde está o segredo. O segredo não está nos recursos: temos países como Japão, ou países pequeninos como as ilhas Maurício que não tem absolutamente nada se não a própria mata/floresta. Podemos pegar as Seychelles, que só tem água. Se nós apostarmos na formação do capital humano, aí já podemos olhar para o aproveitamento dos recursos. É por isso que eu falava da arquitetura do Governo: nós temos um ministério chamado Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano. De facto, é preciso trazer esta componente, como o Governo fez também com o Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural. É uma forma de capitalizar, reverter, prestar mais atenção aqueles ângulos que vão ser o motor do desenvolvimento do país, o capital humano, incontornável se queremos conseguir desenvolvimento económico.


Assim como a taxa de crescimento, o investimento estrangeiro tem sofrido uma queda de 74% em 2015 comparado com o ano 2014. Poderia nos falar da estratégia de promoção do investimento estrangeiro que tem o Governo para contrariar esta situação?

Deixe corrigir a sua questão: a palavra queda pode ser entendido como uma vazão, um fugir dos investidores e não foi isso que aconteceu. O que aconteceu foi uma desaceleração, no processo de aprovação dos projetos. Tivemos menos projetos em termos de valor com grande impacto no Investimento Direto Estrangeiro de 2014 para 2015. Isto em todos os sectores, incluindo o de exploração de recursos minerais. Portanto, houve esta desaceleração no processo de entrada de investimento, não houve uma redução de investimentos. Os $7.1biliões aprovados em 2014 estão lá, naturalmente, teríamos sido mais felizes se a desaceleração não fosse de 7 para 1 bilião como aconteceu.

Eu chamo isso de revolução económica: a economia não é estável, a curva de crescimento económico e a curva de investimento são sempre variáveis. Têm altos e baixos. O que tem de acontecer é nunca haver um crescimento negativo, e Moçambique não está nestes patamares de crescimento negativo.

As perspectivas são boas se olharmos para 2014. Nós em 2014 lançamos 15 blocos de novas prospecções de petróleo e gás. Seis foram adjudicados no norte, no centro e no sul. Tivemos blocos na bacia de Rovuma, na bacia de Moçambique, e na parte de Sofala e Manica. Temos na parte sul, em Inhambane, a Sasol que vão portanto aumentar alguns blocos.
É uma realidade que estamos a receber alguns projetos na área de serviços, porque tudo que é pesquisa de gás, implica o backward linkage: toda uma preparação e atividade económica que prepara a chegada das empresas de prospecção. Aqueles blocos que foram adjudicados, para além das mais-valias que entraram, estão a produzir impostos de produção independentemente de tudo aquilo que tem uma taxa cobrável, estamos a ver um royalty ai.


Com a retirada dos investimentos dos países BRICS o ano passado por causa da crise das matérias primas e a desvalorização das suas moedas, os principais países investidores em 2015 foram a Espanha com 320 milhões de dólares, a China, os Emiratos Árabes Unidos, o Portugal e a África do Sul. Tem o CPI algum plano ou estratégia especifica para ampliar os países investidores em Moçambique em mercados como os Estados Unidos, Canadá ou outros países da UE?

O Centro de Promoção de Investimento (CIP) trabalha com diversas estratégias. Nós fizemos um plano, o Plano de Promoção de Investimento Privado, e fizemos aprovar este plano de investimento privado ao nível do Conselho de Ministros, ao nível do Gabinete Principal. E este plano tem vários pilares: (1) Melhorar o ambiente de negócios: limpar a casa; (2) capacitação do sector empresarial do sector público: capacitação da economia; (3) identificar projetos concretos e não falar de potencialidades; (4) identificar mercados alvos.

Nós sabemos o que queremos quando vamos á China, onde partimos daqui a uns dias. Agora estamos a voltar da Alemanha e da Bélgica, onde sabíamos o que íamos fazer. Esse pilar identifica mercados alvos e é em função do tipo de produto que temos de promover, do tipo de projeto que temos de promover. Nós agora estamos a preparar a promoção para o Japão e a China, identificando os tipos de produtos e serviços que vamos levar para a China.
Quando nós estamos a promover o investimento a nível regional, sabemos o que nós queremos ter na África do Sul, nas Ilhas Maurício, etc. Há um plano que nos guia, é a Bíblia, e isso é cumprido por todos os sectores. Toda a economia tem de trabalhar com base nesse plano. O papel do CPI é apenas o pivô.

O último plano desta estratégia, portanto, o Plano de Promoção de Investimento Privado em Moçambique visa aumentar o empoeiramento empresarial. Este plano para a questão do conteúdo local engloba aquilo que nós fazemos com os recursos humanos, aquilo que nós fazemos com os recursos naturais e como é que nós temos de sair beneficiados. Trata-se de uma grande aposta nas pequenas e médias empresas.


Quais são neste momento as regiões, os sectores e as oportunidades de investimento mais atrativas para o capital estrangeiro? Quais são as facilidades que Moçambique fornece aos investidores estrangeiros?

As funções do CPI mais importantes são:

Primeiro, facilitar o investimento, o que significa ajudar o investidor a construir uma empresa, identificar parceiros, identificar projetos concretos, desbloquear questões de vistos, etc. Quando estamos a facilitar o investimento até fazemos aquilo que chamamos de aftercare service.

Segundo, promoção proactiva e promoção lógica. É promoção proactiva porque nós saímos, não ficarmos à espera que alguém venha nos bater a porta porque quer fazer negócio em Moçambique nós vamos lá fora procurar os investidores, somos proactivos.

Nós identificamos prioridades: (1) agricultura e o agro-processamento ; (2) infraestruturas de irrigação; (3) telecomunicações para poder efetivamente comunicar; (4) energia; (5) e turismo. Essas áreas são extremamente importantes.

Trabalhamos com todos os ministérios e sectores económicos e de três em três meses publicamos um livro chamado Livro de Oportunidades de Negócios, com bases nestes sectores. Trabalhamos com 33 municípios, queremos saber o que há em termos de desenvolvimento municipal, em termos de projetos municipais, todos eles. Trabalhamos com as 10 províncias, queremos saber em cada província o que é que tem de ser promovido.


Para o CPI, e também para o Embaixador Carlos dos Santos, a estabilidade social e política e uma das principais vantagens do Moçambique na atração do investimento. Porém, a imagem no exterior da situação político-militar no norte e centro do pais e o potencial de instabilidade social de fatos como a queda do metical e o aumento da inflação, trazem dúvidas sobre essa capacidade de atração. É a imagem da situação do pais que se tem no exterior concordante com a realidade moçambicana no  terreno? Como pode afetar essa imagem a capacidade de atração do investimento de Moçambique?

O conflito faz parte do ser humano. Se não há conflito não há uma evolução.
Sobre o conflito militar que é um conflito localizado posso dizer que a RENAMO trata-se de um partido que sempre se opõe à vitória dos outros.

É preciso de qualquer forma estender um pouco o ponto de vista e não olhar para um único partido, mas olhar para a própria comunidade, para a própria sociedade onde há esta apreciação que não existe a inclusão no desenvolvimento, nos benefícios de um país. Isto acontece em toda parte do mundo, em particular nos países africanos é muito frequente, sobretudo quando começa a haver descoberta de recursos. Nós já estamos a ver a diabolização daquilo que é o carvão, a diabolização daquilo que é efetivamente o gás, etc.

Naturalmente que o Governo, a economia, tem de estar preparado para gerir expectativas. A descrição que se faz fora é muito errada, é por isso que temos que falar com os media, dizer o que é que esta a acontecer de fato no país. Neste país as instituições funcionam, o Parlamento funciona, o Governo funciona, tem telecomunicações que funcionam.
O que eu quero dizer é que o conflito ocorre em áreas localizadas no centro e no norte, tem alguns focos- e essas tenções são próprios de uma democracia incipiente. Estamos a falar de um pais que nasce com a Independência em 1975 e renasce com os Acordos de Paz em 1992. Portanto é uma economia importante que está ainda a emergir; tem uma democracia que ainda tem de ser consolidada.

A questão de fundo para nos ajudar a sanar isto, é entender que é um problema de literacia democrática: temos muito pouca gente escolarizada e os formas democráticas não estão ainda interiorizadas numa parte da sociedade. É um problema de governação. Moçambique está a governar-se desde 1975 e começamos a criar o multipartidarismo em 1994, depois da paz, com as eleições. Estamos na quinta legislatura. Como você vai esperar que as coisas estejam equiparáveis a um país como Estados Unidos ou à Espanha? é diferente, não se pode comparar.
Enquanto que, por exemplo, na Espanha, na Europa, o candidato que perde é o primeiro a ir abraçar aquele que ganhou, aqui não. É um comportamento que ocorre em muitos países africanos.

De qualquer forma, penso que é um assunto que está a ser bem gerido e o segredo, como diz o próprio Presidente, está no desarmamento. O erro que se cometeu foi que se permitiu que algumas pessoas ficassem com armas. Um vizinho que tem armas é perigoso. Um policia que não está bem esclarecido, um comunitário que não está ideologicamente preparado, não sabe qual é o papel das armas. As pessoas têm que saber para que serve as armas e tem que haver um controlo.


Moçambique tem enchido as notícias da imprensa internacional nestas últimas semanas com o escândalo da dívida da EMATUM, a degradação no rating das agências e a polémica com os empréstimos ocultos de outras empresas públicas e o FMI. O Governo tem implementado uma ação coordenada exterior para melhorar a confiança no país com as viagens a Washington e à UE. Qual é o papel do CPI nessa tarefa de reconstrução da confiança internacional em Moçambique?

O que temos de continuar a fazer como país, em particular como CPI, como promotor de investimento, é providenciar a informação. A informação errada ou a apreciação errada combate-se com a informação. Informação adequada à realidade do país, daquilo que verdadeiramente se passa.

O Governo está num processo de abertura, de esclarecimento do que está acontecer no país. Não há nenhum país que não tenha dívidas, isto é um facto. E quando se fala de dívidas, são dívidas acumuladas como medida de segurança. Estamos a falar de um país que teve moçambicanos que ficaram 45 dias num barco de pesca porque foi raptado por piratas. Estamos a falar dum pais que tinha um mar que não estava controlado e onde todo o mundo pescava: italianos, espanhóis, chineses,... De qualquer maneira, ninguém sabia o que estava acontecer, ninguém ajudava e não interessava ajudar.

A segurança marítima e as outras infraestruturas eram extremamente importantes de ter. É óbvio que qualquer dívida militar, qualquer dívida de segurança de qualquer país ainda em desenvolvimento ou emergente tem má imagem e há uma tendência de evitar trazer isto à luz. É esse o erro que se cometeu, omitir-se a dívida.

Agora temos que informar. Nós estivemos em Londres e contamos os pontos, informação da economia real recente. Por isso uma das missões do CPI é fornecer informação estatística. Dos 76 trabalhadores que eu tenho ninguém está permitido a dizer que não há informação, nós temos que ir buscar a informação, este é o papel do CPI. Informar da realidade em termos de investimentos, em termos de situação política. Nós fazemos isso.  


Os obstáculos mencionados, como a desaceleração do crescimento, a queda do valor do metical, ao conflito político-militar no norte e centro do país e aos efeitos do El Niño. Estos acontecimentos estão a formar uma imagem do país no exterior que não está de acordo necessariamente com a realidade do país. Quais são as medidas que o CPI está a tomar em termos de comunicação estratégica e de formação da Marca Moçambique no exterior para reestabelecer a confiança no país?

Existem varias agências de promoção do investimento privado neste país. A nossa articulação direta é com o Ministério da Economia e Finanças. Eu respondo ao Ministro da Economia e Finanças, ao Primeiro Ministro e ao chefe do Estado. Tem que haver esta harmonização. Eu falei de muitas agências, por exemplo, na agricultura existem agências, quando falo do turismo existe o INATUR, um Instituto que cuida daqueles assuntos do turismo, etc.

O papel do CPI é de fazer esta harmonização, mas também de fazer esta paragem obrigatória, de servir como um one stop shop. O CPI teve a sua criação em 1985 com o intuito de ser uma agência que tem que promover o investimento de uma forma harmonizada e coordenada. Quando há um projeto, qualquer projeto que tenha implicações económicas e sociais, nós sentamo-nos nesta mesa, e nós temos uma coisa chamada comissão técnica onde ouvimos a sensibilidade dos diversos sectores e como vão as coisas.
Eu, de três em três meses, tenho de ir ao Conselho de Ministro dizer qual o ponto de situação do investimento em todas as áreas: recursos minerais, porque existe a Lei de Minas; na área de recursos de petróleo, porque existe a Lei de Petróleo; e no investimento em geral, porque existe uma Lei de Investimentos.


Num plano mais pessoal, como o Sr.Sambo sabe, a Harvard Business Review é uma revista que nasce de uma das Universidades mais prestigiados do mundo. Você tem sido professor no começo da sua carreira profissional. Qual é a importância que segundo você tem a educação no desenvolvimento de um país e da sociedade?

Eu costumo usar muito o falecido presidente Samora quando ele dizia: “Educar uma mulher é educar uma nação”. E diz muito mais: “Educar um povo é educar o mundo”. Isto para dizer que, de facto, as nossas habilidades humanas, a nossa longevidade pelo pouco tempo que nós temos para viver, é muito maior quando nós temos uma coisa chamada educação porque é com a educação que nós temos duas formas de olhar as coisas. É com a educação que podemos ver o que esta por detrás da montanha, não é possível descobrir o que esta por detrás da montanha se nós não lemos.


Como o Sr. Sambo sabe, a audiência da Harvard Business Review está composta principalmente de CEOs e de decision-makers, além de políticos interessados na gestão e na direção. Com a sua experiência, numa instituição tão importante como o CPI, quais são as lições e aprendizagens que valoriza mais da sua etapa como Director geral do Centro de Investimentos?

É interessante que uma das coisas que nós procuramos aqui no CPI é utilizar as boas práticas. Isso é extremamente importante. Nenhum gestor pode ter sucesso, sobretudo quando falamos da gestão empresarial ou mesmo da gestão económica, se não utiliza aquilo que chamo a chave – as melhores praticas, porque cada sector ou cada área tem os seus riscos. A única forma de economizar os riscos numa economia aberta, que é uma economia de mercado é abrindo portas para o investimento direto estrangeiro é, efetivamente, a partilha de experiências, a partilha das boas práticas.

Nós temos que fazer aquilo que a literatura chama a auto-revisão: quando falamos de auto-revisão temos que olhar para os pares, o peer review. É o peer review em termos de knowledge exchange, a troca de conhecimentos. Isso é extremamente importante. Hoje em dia, a patente de quem fez algum produto é partilhada com toda gente. É isso que é preciso na gestão. Sobretudo a questão de inovação, a modernização da gestão é um caminho que se pode abrir!


Para finalizar, qual é a massagem que você queria transmitir aos potenciais investidores e leitores da HBR em relação a Moçambique e as oportunidade de investimento?

O papel do CPI é promover um produto e este produto chama-se Moçambique, que eu costumo chamar um “país de maravilhas”. Um país por onde todo o mundo deveria passar. É um país que tem a sua beleza natural, que tem as suas potencialidades e que, portanto, promete sobretudo olhando para a economia da região, a economia africana.
Nós temos de olhar para Moçambique como um parceiro estratégico para o desenvolvimento da economia mundial.